Vivendo em um mundo das telas amigáveis
19 de maio 2023-09-15 17:36Vivendo em um mundo das telas amigáveis
IGOR AMIN*
Todo dia, ou melhor, praticamente todo dia, eu acordo, abro os olhos, respiro levemente, tomo banho e busco cumprir minha intenção de meditar, fazer alongamentos e tomar o café da manhã, começando por três frutas. Busco fazer algum exercício físico e logo… respiro fundo… para daí entrar no mundo das telas. Sou um Educador Audiovisual e as telas fazem parte da minha vida quase que 24 horas por dia, por isso preciso saber conviver bem com elas.
É comum que, ao navegar nas telas, um oceano de infinitas possibilidades boas ou ruins, algumas perguntas internas brotem em mim. Algumas delas são: as telas poderiam ser amigáveis para os adultos e as crianças? Quais nossos hábitos culturais e tendências comportamentais que criam uma cultura em que as telas são vilãs nas vidas de mães, pais, professoras e professores? Quais habilidades podemos desenvolver para ensinar e aprender com o mundo das telas? Como podemos integrar outras visões de mundo diante do mundo das telas?
Quando eu era criança, tinha o momento específico do dia em que eu podia me conectar com as telas. Tinha a hora do desenho animado, o momento em que era possível entrar na internet discada sem pagar o minuto que ficávamos nela, de meia noite a 5 horas da manhã. De uns tempos para cá, o mundo das telas não tem hora para entrar, ele existe a todo momento dentro do meu bolso, com meu celular, na minha mesa de trabalho, com o computador, e também em um cineminha que eu improviso com uma tela e um projetor na sala da minha casa, o Estúdio Mundos.
Para não ficar isolado ou grudado nas telas, busco me conectar com a natureza, observar os pássaros com meu monóculo em vez da câmera, organizar o terreiro e também busco me relacionar com pessoas inspiradoras sempre que possível. Eu até me mudei da cidade grande para viver em uma ecovila e assim poder estar em contato com uma vida mais serena, aqui no alto da montanha do Vale do Jequitinhonha em Minas Gerais, e então conseguir em um mundo tão tecnológico, com um tanto de informações que reverberam até mesmo nos sonhos quando nossa mente está sobrecarregada de informação.
Uma coisa que acontece comigo se eu levar a tela do celular ou do computador para a cama antes do sono é mesmo sonhar com tudo aquilo que eu estava lendo, ouvindo ou assistindo. Sai cada sonho maluco que vocês não fazem ideia. A última postagem do dia nas redes sociais tem a capacidade de entrar na história do seu sonho e então experimentamos altas aventuras durante a noite. Devido a esse fato, tenho colocado meu celular em modo avião algumas horas antes de dormir e, quando dá, deixo ele até em outro cômodo da casa. São pequenas práticas que investigo para me educar audiovisualmente. O que você faz para a tela não te sugar feito aspirador de pó durante o dia? Adoro perguntar isso para as pessoas.
Há alguns anos, tenho o hábito de convidar vários amigos e amigas, profissionais das mais diversas áreas do conhecimento, como música, arquitetura, artes visuais, teatro, programação, desenvolvimento de tecnologias, design, psicologia e outras, para fazermos parte de uma comunidade de educadoras e educadores audiovisuais, chamada “O que queremos para o mundo?”. É nessa iniciativa que busco construir, em boa companhia, um trabalho diário por um mundo das telas amigáveis.
Nós do O que queremos para o mundo? estamos desde 2006 intencionados a ensinar e aprender com as crianças de forma engajada, para que juntos possamos transformar as telas em um ambiente amigável para todas e todos. Trabalhamos para que as telas sejam um lugar de escuta, imaginação e bem-estar, por meio de ações criativas que gerem impacto positivo no mundo. Promovemos a educação audiovisual por meio de recursos disponibilizados em formações para educadores, na produção e exibição de filmes educativos e na realização de exposições presenciais e on-line com invenções criadas a partir de desafios lançados para as crianças. Buscamos retratar as infâncias que protagonizam mudanças positivas em suas escolas e comunidades, isso tudo amparado por um fundo para que as ações e os profissionais dessa iniciativa possam atuar por meio das tecnologias, das emoções e da natureza.
Nessa comunidade sempre nos perguntamos: como educar as crianças no mundo das telas? O que as crianças querem para o mundo? Como as novas tecnologias podem se tornar instrumentos éticos e funcionais para as primeiras gerações? A falta do contato com a natureza e com o desenvolvimento que ela oferece pode estar enfraquecendo as suas relações intra e interpessoais?
Nosso propósito maior é o de construir um mundo das telas amigáveis para todas as crianças com o objetivo de estimular a sensibilidade infantojuvenil e na busca de inspirações para um mundo melhor. Acreditamos na capacidade de o audiovisual e a educação promoverem experiências das mais diversas naturezas, trazendo a criatividade e o protagonismo dos que acabam de chegar a este mundo por meio de desafios e descobertas. Propomos o uso de tecnologias e espaços de escuta lúdica para manifestação dos mais variados modos de ser e estar no mundo.
Uma pedagogia da sensibilização do olhar para seis mundos propostos, que contemplam desde o mundo das formas tridimensionais, palpável, até os mundos mais subjetivos, os de dentro de nós, onde ocorrem as ideias, os sentimentos e as mais diversas inspirações. Esses olhares são capazes de criar um mundo atento às subjetividades e objetividades infantis, destacando a linguagem poética da infância e sua relação com a construção de novos mundos. Uma conexão profunda com a imaginação e seu potencial de invenção de paisagens próprias e compartilhadas.
Para alcançar essa universalidade, nossa iniciativa possui símbolos que criam tonalidades para comunicarmos nossos valores. São eles o Coração, a Flor, o Beija-flor e o Sol, tão singelos e fortes na realidade e na linguagem do imaginário das crianças. O Coração representa o interior de todos os seres e a comunhão por meio do afeto. A Flor é a relação e o cuidado com a natureza e a sensibilidade. O Beija-flor representa a liberdade de expressão, sua graça e autenticidade. O Sol, por sua vez, é a primeira energia, a expansão da consciência, a curiosidade sempre em busca do novo.
Este texto é uma narrativa confessional, que busca contar quem eu sou e como eu penso, quero e faço para construir este mundo das telas em que acredito. Sabia que eu até escrevi um livro chamado “Como educar as crianças no mundo das telas?”, que conta minha história? Ele está servindo de inspiração para eu escrever este texto.
De volta a minha pessoa: nasci na geração Y, das crianças millennials ou tecnológicas. Sou um pré-nativo digital e meu brinquedo favorito, claro, era um radinho vermelho de fita cassete a pilha. Ele tinha um microfone que me permitia gravar a voz e então ouvir o que eu falava. Eu não conversava muito, então era legal poder ficar sozinho, gravar umas coisas no radinho e ficar ouvindo depois. Quando uma criança pode ser ouvida e tem oportunidade de expressar o que sente, com respeito ao seu lugar de fala, é algo libertador para ela.
Por isso acredito que precisamos deixar de lado essa cultura hegemônica que normatiza o adultocentrismo como uma espécie de fábrica que cria estereótipos sobre as infâncias. Impressionante como podemos crescer e esquecer como foi ser criança, e não perceber que as infâncias são plurais. Elas têm sua própria cultura e esse sistema socioeconômico em que vivemos não dá conta de valorizar de forma empática a diversidade das crianças que vivem espalhadas pelos quatro cantos do mundo. Uma das coisas muito ruins que um adulto pode fazer para uma criança é querer controlar a forma como ela constrói suas próprias narrativas.
Não é fácil curar uma ferida quando somos crianças. Temos poucos recursos para lidar com este mundo em que vivemos e imagino que é por isso que as crianças contam com a ajuda dos adultos. Eu adoro criar metáforas e olha esta que criei:
Crianças amam construir castelos de areia. Nós adultos não precisamos construir um castelo para elas brincarem, mas sim podemos estar disponíveis para acompanhar o processo delas, dando algumas dicas, fazendo o nosso próprio castelo e estando disponíveis para acompanhar como serão as etapas de concepção, construção, brincadeira e entrega para que a própria natureza cuide daquele novo lugar.
Percebo o quanto é importante que as crianças tenham um lugar para imaginarem quem são no mundo. Pode ser por meio da brincadeira ou até mesmo das telas hoje em dia. Nós educadores somos aqueles que criamos também o acesso para que elas encontrem onde existe areia em abundância para brincarem por meio da imaginação nesses lugares. Podemos pensar que nessa brincadeira nós somos a areia e as crianças são as construtoras dos castelos, assim como as narradoras da história que se passa por lá. Elas não só têm a capacidade de criar sozinhas os pilares do castelo, como também podem entrar dentro dele com sua imaginação e inventarem um reino onde todos os seres podem viver sonhando aquilo que querem para o mundo.
Construir narrativas com as crianças a partir de suas ideias de quem são e do que podem fazer pelo mundo é fundamental nas telas. E como eu penso o papel dos educadores e educadoras audiovisuais nessa brincadeira?
Quem educa audiovisualmente pode ir além de somente exibir filmes, filmar ou entregar a câmera para as crianças. Podemos ser uma espécie de painel fotovoltaico do castelo delas, ativando nossa escuta e trazendo a luz do sol para gerar uma energia renovável nos aposentos. Um lugar para construção de identidades plurais dessas crianças de forma amigável no mundo das telas, onde elas possam usufruir de tecnologias criativas e acessíveis, aprender diversas habilidades emocionais, ter a oportunidade de valorizar sua própria cultura e também preservar nossa mãe natureza.
Durante o meu mestrado interdisciplinar em Ciências Humanas pela Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri, pude conhecer várias ideias, como as da educadora negra bell hooks, uma norte-americana engajada que foi aluna de Paulo Freire. Nas palavras da autora, em seu livro Ensinando a transgredir – a educação como prática da liberdade (2013):
Quando a educação é a prática da liberdade, os alunos não são os únicos chamados a partilhar, confessar… Os professores que esperam que os alunos partilhem narrativas confessionais mas não estão eles mesmos dispostos a partilhar as suas exercem o poder de maneira potencialmente coercitiva. (HOOKS, 2013, p. 35)
Lembra que os professores com quem a gente teve maior intimidade eram aqueles que podíamos conhecer quem eram e o que queriam para o mundo? Por isso que este artigo é uma narrativa confessional dos meus desafios em busca de um mundo das telas amigáveis. Sou branco, de classe média, pude estudar em boas escolas e universidades, me alimentar e estar em companhia de uma família comprometida em garantir uma vida digna para mim. São tantas crianças que ainda não têm essa oportunidade que eu tive, não é?
Como Educador Audiovisual, pude ampliar minha visão de mundo e foram as crianças que me ajudaram a sair de uma zona de conforto e a perceber a complexidade de suas vidas, principalmente as que vivem inseridas em um contexto de subalternidade. Eu pude conhecer diversas realidades dessa cultura pulsante que é a cultura das infâncias no Brasil e no mundo desde quando fundei em 2006 nossa comunidade de educação audiovisual. Meu primeiro longa-metragem educativo teve a sorte de ganhar o mundo. Não fizemos só filmes, mas também exposições transmídia, publicações, brincadeiras audiovisuais, aplicativos de celular, programas de TV e centenas de oficinas por todos os cantos.
Quando a gente fala a palavra infâncias, no plural, é porque eu nunca vi uma só criança que fosse igual a outra nas lentes da minha câmera. E olha que eu viajei por diversas culturas, continentes e países. Uma pena que muitas destas oportunidades de incentivo público para levar nossos trabalhos artísticos educativos pelo mundo já não existem mais aqui no Brasil.
Voltando ao raciocínio, toda criança tem sua singularidade, um universo infinito dentro de si, e acredito que é a partir de uma consciência crítica sobre si mesmo e sobre o mundo que podemos nos aproximar daquilo que queremos e faremos por este. Como diz Rudolf Steiner, fundador da Pedagogia Waldorf, uma abordagem que custei entender o porquê do uso dosado das tecnologias no processo educativo, diz assim: “Ser livre não significa poder querer o que queremos, mas sim poder fazer o que queremos”. Para mim, esse processo de fazermos o que queremos começa na escuta das crianças sobre o que elas querem para o mundo.
Quando eu falo “mundo das telas”, penso a tela em toda sua diversidade de formatos, que vão de cinema, TV e computador a celular, tablet, óculos de realidade virtual e outros dispositivos que já existem ou irão existir.
Falamos de um mundo de telas que também vai além da sua forma ou condição tecnológica. Um lugar de encontro de nós mesmos com o mundo por meio das imagens em movimento. A tela, que nasceu em um contexto de socialização desde as primeiras exibições na sala de cinema ou desde quando os televisores chegaram nas salas de casa, agora passam a ser um lugar de individualização, já que a tendência é que muitas pessoas tenham sua própria tela no bolso para navegar, mesmo que essa realidade ainda esteja distante para muitos.
O lado ruim: as telas deixaram de ser um espaço onde muitas pessoas podiam estar juntas, sem abrir mão de sua própria percepção subjetiva das histórias que eram contadas. Por outro lado, deixou de ser um espaço ocupado somente pelos conteúdos disponibilizados a partir dos interesses dos meios de comunicação convencionais, que traziam o pensamento hegemônico como única possibilidade para as telas. O pai, homem da família, muitas vezes era quem decidia a qual canal assistir na TV. A exibidora de filme no cinema era quem estreava na tela uma produção que reproduzia apenas um modo de vida ou cultura como postura correta na sociedade.
Agora podemos desbravar o mundo das telas com maior autonomia, caso tenhamos acesso, consciência e liberdade para fazer isso. O que busco com a Educação Audiovisual é desenvolver recursos para tornar mais amigáveis as possibilidades de aprendizagem com as crianças e os adolescentes. Além disso, busco disponibilizar o que pesquisamos e desenvolvemos ao maior número de educadores que queiram construir um mundo das telas além da técnica, que integre no social os aspectos culturais, emocionais e ambientais.
Por isso, no Mundo das Telas Amigáveis, esta que é nossa abordagem de Educação Audiovisual, gostamos de criar nossas propostas baseadas em quatro dimensões. As quatro dimensões das Telas Amigáveis buscam enxergar as telas nos âmbitos sociotécnico, sociocultural, socioemocional e socioambiental. Acreditamos que assim é possível buscar o mundo das telas que não se limite ao ensino das ferramentas tecnológicas, ampliando nosso olhar para outras dimensões que são pouco trabalhadas neste mundo.
A dimensão sociotécnica das Telas Amigáveis nos atenta para a função da tecnologia, que está em busca de solucionar nossos problemas quando precisamos de ajuda que vai além das nossas condições básicas do corpo. Quando inventamos uma tecnologia integrada à arte, como o caso do cinema e todas suas possibilidades, podemos nos aproximar da realidade por meio do domínio de ferramentas como a câmera, as ilhas de edição, luzes e ainda desenvolver uma intimidade com a linguagem audiovisual para criação de narrativas.
A dimensão sociocultural das Telas Amigáveis busca trazer uma aproximação de territórios, culturas e identidades que permeiam aquilo que se torna os temas dos filmes. Uma ideia sempre nasce de uma relação que temos com o lugar onde vivemos, as características daquilo que nos chama a atenção de forma encantadora e crítica sobre o mundo. Assistir a ou produzir filmes tem a ver com entrar em contato com diversas culturas e assim compreendermos qual cultura fazemos parte, quais são suas riquezas, desafios e necessidades de mudanças.
A dimensão socioemocional das Telas Amigáveis tem enfoque nos impactos positivos e negativos das telas em nossas emoções e em como isso desencadeia sentimentos a partir de nossa experiência por meio do tempo e do ritmo em que estamos promovendo relações com o mundo mediado pela tecnologia. Questões que vão do impacto em nosso cérebro às competências envolvidas nesta relação entre o social e o emocional.
A dimensão socioambiental das Telas Amigáveis é que aquela que valoriza a preservação da natureza e o desenvolvimento de uma consciência expandida sobre a relação que nós ser humanos estamos deixando de valorizar: somos parte integrada com a natureza e, para que haja uma relação de unidade com o mundo, precisamos levar para as telas essa compreensão de amor por todos os seres da Terra.
Quantas mães, pais, professoras e professores se perguntam hoje “Por que as crianças gostam tanto de ficar neste outro lugar que são telas?”. Ainda mais depois da pandemia que se iniciou em 2020, uma situação complexa que revirou o planeta Terra de cabeça para baixo. Qualquer pessoa pode se tornar uma educadora ou educador audiovisual a meu ver. Basta criarmos uma intenção pedagógica com as telas antes de agirmos para com elas. É como se, antes de cantarmos “Luz, Câmera, AÇÃO”, a gente trouxesse a intenção de tudo aquilo, ou pelo menos uma das coisas que gostaríamos de ensinar e aprender com as crianças. Ou seja, por trás de toda ação com as telas, existe uma intenção quando estamos falando da Educação Audiovisual.
O desenvolvimento da intencionalidade focada na aprendizagem com as telas para e com as crianças é algo muito valioso, pois ajuda a levar a elas a consciência de que é importante saberem da possibilidade de aprenderem e ensinarem no momento em que estamos em contato com o mundo por meio da tecnologia. A meu ver, deve-se considerar que a educação audiovisual das crianças é uma responsabilidade compartilhada entre família, escola e Estado, assim como responsabilidade social de empresas, principalmente as de telecomunicação. A criança também deve ter direito à desconexão e por isso é importante sabermos como compensar o tempo de tela por meio de outros tipos de atividade.
Criar intenções pedagógicas, ou seja, que buscam ensinar e aprender com as crianças, é chave para viver em um mundo das telas amigáveis. Qual é o conjunto de motivações e finalidades que nos leva a realizar determinado ato de determinada maneira com as telas?
Uma questão importante é que o mundo em que eu vivo é bem diferente do mundo em que você, leitor ou leitora, vive. Ambos também vivemos diferentes nos mundos em que as crianças habitam nas telas. Eu me alimento disso nas telas, faço aquilo por lá, você faz assado e se conecta com outros tipos de recursos, e daí começa nossa jornada diante da diversidade de quem somos e como vivemos e dedicamos nosso tempo de vida nas telas. Quando temos uma intenção clara com o foco de educarmos audiovisualmente nós mesmos e o outro, precisamos então construir a partir dessa intenção o mundo em que queremos viver. Esse seria então um mundo amigável não só a partir do ponto de vista do educador audiovisual Igor Amin, que escreve este texto, mas um lugar cheio de pontos de vistas, diversificados e baseados em um senso comum que inclua princípios éticos, de respeito às diferenças, com valores humanos que façam sentido para cada um que o habita, sem limitar as possibilidades de sermos quem somos e construirmos o mundo das telas em que queremos viver.
Agora que introduzi como é minha vida no mundo das telas, gostaria muito de te convidar para aprofundar na percepção de como é viver no seu mundo (das telas), sem esquecer que em sua vida também há diversos outros mundos que fazem parte do seu cotidiano, da hora que acorda à hora que está dormindo, assim como também faz parte da sua história, desde quando nasceu até a idade que está aqui e agora. Se cada um de nós habitamos um mundo das telas diferentes, podemos nele viver de várias formas e participarmos juntos de uma tomada de consciência sobre quais são esses mundos e assim ver, fazer, pensar e sentir os filmes. Por isso, eu gostaria muito de conhecer como você vive no seu mundo das telas. Você sabe como chegar até mim por meio das telas? Procure a gente para trocar essa prosa boa. É este o meu convite para vocês, leitores e leitoras: buscarmos juntos uma forma amigável de relação com o mundo das telas, ensinando e aprendendo com as crianças a como viver nesse mundo. Não tem um jeito só de viver nele.
Acredito que chegou a hora de começarmos uma jornada em busca de uma cultura das telas amigáveis. Amigáveis? Tipo fácil de mexer, para que qualquer criança consiga acessar, que dê para seu avô e avó navegarem? Bom, quando falo amigável, estou falando de amizade mesmo gente, de uma tela que nos faz companhia, nos ajuda a encontrarmos com amorosidade quem somos e o que queremos para o mundo.
Referências
ATAÍDES, Igor Amin. Como educar as crianças no mundo das telas? Belo Horizonte: Aletria, 2021.
HOOKS, Bell. Ensinando a transgredir: a educação como prática da liberdade. Tradução de Marcelo Brandão Cipolla. São Paulo: Martins Fontes, 2013.
STEINER, Rudolf. A Filosofia da Liberdade: fundamentos para uma filosofia moderna. Tradução de Marcelo da Veiga. São Paulo: Antroposófica, 2000.
* Igor Amin é Educador Audiovisual, Diretor e Empreendedor Criativo. Graduado em Comunicação Social – Publicidade e Propaganda – pela PUC Minas – Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (2007), Mestre Interdisciplinar em Ciências Humanas na linha de Educação, Cultura e Sociedade pela UFVJM – Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (2020) e Especialista em Biopsicologia pelo Instituto Visão Futuro (2010). Integrante do Grupo de Estudos em Literatura, Arte e Cultura (UFVJM/CNPq). É idealizador da comunidade de educadores e educadoras audiovisuais “O que queremos para o mundo?” www.oquequeremosparaomundo.com.br